Pedites, te darei:
- Um punhado de letras acasaladas
que formam palavras emparelhadas -
algumas ternas, doces;
outras ásperas, amargas -
sequenciais ou isoladas,
dissonantes ou rimadas.
...Mas palavras, palavras;
palavras e seus fonemas,
vestidas, arrumadas
e finamente maquiadas
para desfilar no poema.
Pedistes, te dou:
- Um pouco da minha saudade -
também a sinto, verdade (!) -,
um cadinho de vaidade -
quem não a tem (?),
diga com sinceridade -,
tudo em absoluta castidade
que, aliás, cai bem com minha idade
quando se volta ser puro
e absolutamente sem maldade...
Pedistes, te ofereço:
- Um mix místico e pagão
bombado em funk, mas
reflexivo como oração.
Irriquieto, repetitivo como o trance
ou a batida do coração.
Pedistes, agora aguentes:
- Como curiosa lembrança
ou espécie de carinho;
simples afago
ou inocente beijinho;
para que exibas ao namorado,
ao pai, à mãe ou ao padrinho;
um trofeu de palavras soltas,
revoadas,
que me pedistes cheia de denguinho.
Pedistes, te entrego:
- Esta composição meio fora de moda,
caretaça(!),
neandertal(!)
para esses tempos de Orkut,
MSN,
Rock'n roll;
sem saco pra curtir -
que dirá ler, ouvir ! -
nada além do imediato, do trivial!
Tempos mascarados, fantasiados -
verdadeiro carnaval !
Tempos de crediários, presidiários;
de jeitinhos ensaiados
e muita azaração;
tempos performáticos,
midiáticos,
impossíveis para os poetas
que falam ao coração.
Pedistes, eis aí:
Retalhos de poesia
não com muita inspiração;
que peço que aceites
acompanhado de um beijão.
Mirante da Praia - Praia do Canto
Vitória - ES - 2007
(Poema oferecido à vendedora da Loja AD do Shopping Vitória, por solicitação expressa.)
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