Não ultrapasso ou rasgo véus
que levem aos céus
idílicos
dos amores portentosos -
nos fins ou nos inícios
- com a verve de Vinícius.
Não domino a química vocabular
que arrebata das palavras cotidianas
matizes e imagens
das criações Drummondianas.
Não consigo expor símbolos dramáticos,
verdades cruas de temas enigmáticos
sem que errar me arrisque,
por tentar obrar como Maiakovsk.
Não ouso descer aos infernos
e, satanicamente, compor versos celestiais
que até o diabo fascinou.
Isso é coisa prá Ribaud.
Não disponho de elementos satíricos
que glosem contratos sociais com versos líricos
e cantem a dor com brincadeira
como fêz Manuel Bandeira.
Não pitaco,
acato;
não ataco
o ato
sintático,
simpático,
sintomático
da poesia concreta,
reta
e labiríntica
de encantos
de Haroldo Campos.
Portanto... não sou poeta
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