Para: Francisco Rangel G. de Oliveira, Eliane Auer e Marluce Lange.
I - VITÓRIA
A princípio, muito espanto,
com nomes que por aquí ouví:
Enseada do Suá, Praia do Canto,
Ilha do Boi, Mata da Praia, Camburí...
Ao velho cariocólotra
soava estranho a nominata;
faltava molho, cozinha, balanço
que no Rio de muitos sons,
têm molejos das cadeiras da mulata.
O passar dos dias, entretanto,
por encanto ou por quebranto,
forçaram-me olhares isentos
das soberbas dos grandes centros:
- O perfil belo do povo -
simpático, ordeiro, probo -
bem nutrido, com trajes da hora,
reverencial: -"Senhor"? "Senhora"?
Respeito cidadão mútuo;
trânsito organizado, sem tumulto;
preferência pros pedestres
e quase nenhum pivete.
Da geografia da Ilha
Danuza nos tinha falado:
-"Servida por cinco pontes,
muitas praias, enseadas e montes,
são belezas prá curtir calado".
Nas orlas de muitos bares
lembrei palavras de Rubens Braga
numa noitada em Ipanema:
-"Provar a moqueca capixaba
é comer até sentir pena".
II - O LITORAL SUL
Foi num domingo azul, de mar,
visto duma sacada do 15º andar
(Como são baratos os imóveis para alugar!)
que resolví conhecer os arredores,
excurcionar.
Vila Velha, Barra do Jucú, Ponta da Fruta;
depois Guaraparí - Praia do Morro -,
em Meaípe almoçar no Cantinho do Curuca;
cruzar as praias de Anchieta
a bordo duma escuna
e navegar até Piúma
após passar por Irirí,
desembarcando em Marataízes,
aos pés do Monte Aghá,
não muito longe dalí.
Um roteiro de turista
sem máquina fotográfica às mãos;
um observador que olha e registra
tudo que lhe causa emoção:
- Conventos, negras areias,
enseadas, lagoas, pontais;
rios preservados, matas, lavouras,
infinitas belezas naturais.
Pequenas Vilas, belas estradas
que pelas paisagens serpenteiam,
encantam e nos tiram a pressa,
sem engarrafamentos que poluem
e estressam.
Tudo naturalmente farto, bonito,
cuidado por gente com juízo
que ajuda manter preservado
este pedaço de Paraíso...
que à mim transformou
em Capixaba convertido.
Vitória-ES. Novembro de 2006
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