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terça-feira, 17 de maio de 2016

EXPERIÊNCIA II



Doeu...
E a sutileza desta dor tão fina
que apequena o dia,
embaça planos,
relembra sinas,
refaz enganos,
chagas ilumina,
cobre o pano da fé, termina...
Doeu...
No cotidiano de perdas e ganhos,
o filete da decepção amarga
que a alma escala
suas sanhas,
provoca gestos tresloucados,
amplia e adquire dimensões tamanhas
que nos deixam machucados
com feridas e chagas. Desenganos...
Doeu...
A razão imprópria e desafeta
que aparta, interfere e torce
com equívocos repleta,
pinga palavras supostas
que ecoam nos becos
vazios, secos
de má poesias,
estranhas vias,
avalanches mortais...
Doeu...
A isso chamamos experiência,
aprendizado de vida ou vivência
que aprimora o linguajar grotesco,
nos traz de volta ao contexto,
limpa, ordena,
 cama que devora,
esperança de nova hora
ao corpo e à memória...
Doeu...

UMA PEQUENA ODE

Isolamento azul, sepulcral;
Mar de minhas memórias tempestuosas
banhando a terra sobressaltada
por realidades transitórias, trágicas,
afagando brisas na manhã dourada,
provocando sorrisos em minha cara...
-"Maria com vestido flanante,
instigantemente solto,
cabelos livres, em alvoroço,
perpetra paixões por suas franjas
ao deitar-se em inúmeras camas".
Solitário mar de expressivos mitos,
dramas horrendos, conquistas e estranhos ritos...
Ondas intermitentes
que acariciam, envolvem e chocam,
afogam e nos fazem tementes...
Oceano de imensidão brutal
que beija praias límpidas e sereias nuas,
reflete estrelas e replica luas.
-"Na enseada de águas claras,
areias brancas e solitárias,
mergulhei no corpo de Maria,
urrando sonetos e árias"...
Ó mar de meu destino -
influente, decisivo, fundamental ! -
massa que me sustém e encanta,
leito de meus impossíveis amores;
Preferido colo, açoite,
fé e sincero afeto...
Só Deus lhe é mais completo.