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terça-feira, 8 de janeiro de 2013

ESQUINAS

 
No vértice das esquinas -
fusão de linhas imaginárias
saltadas das pranchetas arquitetárias -
onde pessoas agendam
encontros e novos trampos,
lojas de requinte
abrigam na soleira o pedinte;
lixo do luxo,
grande fluxo,
nincho do bicho,
palco de escambos,
onde pedetres se comprimem,
a sociedade se exprime -
traça rumos, felicita, oprime,
faz reclamos.
No vértice das esquinas -
opem mall do shopping popular -
há encontros sigilosos,
executivos nervosos,
putas oferecidas
rodando bolsinhas, distraídas,
um pungista à espreita,
pastores de todas as seitas,
bueiros mal cheirosos,
fios desencapados, perigosos,
notícias de homicidas,
buracos de formigas,
um padre e uma freira,
a babá da moça rica,
alguém que não sabe se vai ou fica..
No vértice das esquinas
há sempre um cão à mingua,
um jornaleiro italiano,
um bêbado deitado, atrapalhando,
ambulantes se instalando,
grupos falando outra lingua
e o sucesso popular tocando.
Há homens apressados que reclamam,
uma periguete rebolando,
sorrindo a esmo
numa casa de pão de queijo
e carros buzinando.
No vértice das esquinas
que à noite ficam êrmos,
testemunham-se histórias e dramas
cujas tramas metem medo -
síntese sociológica;
sonho ou pesadelo?
Casa Branca - Piratininga
janeiro/2013

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