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terça-feira, 11 de agosto de 2015

TEMPO REAL

Escorregando pela ampulheta quebrada,
sutil e convenientemente adulterada,
escondida, rejeitada;
Perpetuando histórias à serem contadas -
plenas de dramas ou gargalhadas -,
vai o tempo até sua próxima parada, 
estação, época ou nada...
Nunca sai de seu ritmo e passadas,
estabelecendo horas, dias, noites, madrugadas -,
nos ensinando, amadurecendo, mata...
Amigo e protagonista,
mestre disfarçado,
nos cobra o dado
na vida, ao seu agrado.
Doa flores, primaveras e juventude,
mas temos que aturar seu lado zangado,
paradoxal, inexplicável e forte;
O tempo real constrói e desfaz a sorte
para, ao final , nos ofertar
o colo da morte.
Puro deboche...
            Julho/2015


Exibições: 36


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Comentário de Marcia Cristina B. N. Varricchio quarta-feira
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Comentário de Marcia Cristina B. N. Varricchio quarta-feira
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Excelente, Paolo!
Bem o seu estilo. Terminou com chave de ouro!!!
Sem deboche, mas "Puro deboche" é mesmo o tempo e a vida...
Grande abraço!
Comentário de Waulena d'Oliveira Silva em 5 agosto 2015 às 3:56
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Por vezes difícil comentar teus textos, Amigo, porque são sempre maravilhosos !
Adorei mais este.
Escorregando pela ampulheta quebrada,
sutil e convenientemente adulterada,
escondida, rejeitada;
Perpetuando histórias à serem contadas -
plenas de dramas ou gargalhadas -,
vai o tempo até sua próxima parada, 
estação, época ou nada... "
Bjss  Wau
Comentário de Mônica do S Nunes Pamplona em 31 julho 2015 às 3:04
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Esse "PURO DEBOCHE..." no final, encerrou com frase de ouro.
Mais uma grande criação, querido poeta.
Parabéns.
Bjssss

EU

Eu, solitário galho duma árvore centenária
banhado pelo sereno da noite solidária,
açoitado por ventos invernais,
entre restos da floresta devastada,
estou só. Tudo em volta seca...
Eu, mudo exemplar de triste fera,
envolto pela quietude que me cerca,
servo e senhor da longa espera
de quem dentro de si encerra
a indiferença, essa megera.
Eu, juiz implacável dos meus delitos,
isolado num castelo como os aflitos,
traço planos, refaço enganos,
escrevo teses, ardo em febre
e incorporo mitos.
Eu, centro de um mundo imundo,
analiso este amor tão profundo
e me quedo incompreensível
àquilo que me é invisível,
agônico e rotundo.
Eu que me auto desconheço,
procuro lembrar, mas esqueço,
desta tal felicidade
à qual imagino que mereço.
Eu, que fui herói e virei banido,
sendo fiel, fui traído,
por ser gentil, esquecido...
Me sinto cansado, exaurido.
Sou alguém que não se parece comigo.
                                    Julho/2015
Comentário de Marcia Cristina B. N. Varricchio quarta-feira
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Que EU encantador!
"Sou alguém que não se parece comigo"
Existem períodos bem assim mesmo. Muito bom o expressar, uma espécie de exorcismo que garante o retorno de quem se é!
Parabéns, escreve belissimamente! Metáforas sensacionais!
Grande abraço.
Comentário de Waulena d'Oliveira Silva em 5 agosto 2015 às 3:32
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Paolo, querido Amigo, teu espírito inquieto e cônscio nos brinda sempre com argutos versos.
Aplaudo !!
" ... 
Eu, que fui herói e virei banido,
sendo fiel, fui traído,
por ser gentil, esquecido...
Me sinto cansado, exaurido.
Sou alguém que não se parece comigo.  "
Bjs Wau
Comentário de Arlete Brasil Deretti Fernandes em 30 julho 2015 às 0:39
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OLÁ, AMIGO POETA.!
 Muito belo poema!, ótimas metáforas.
Parabéns!
Comentário de Lais Maria Muller Moreira em 29 julho 2015 às 19:23
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Trilhas que se seguem
procuras que se realizam
sombras densas que analisam
o eterno conviver
Eu
Bela note!
beijos querido
Comentário de Antonio Cabral Filho em 29 julho 2015 às 14:00
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Paolo, você é demais !!
Comentário de LOURDES RAMOS em 29 julho 2015 às 11:23
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Apenas um desmemoriado momentâneo...Logo após, virá a Luz!
Comentário de Mônica do S Nunes Pamplona em 29 julho 2015 às 2:03
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Eita, poeta!
Um EU clássico, de quem ainda se busca.
Mas, parece que se encontra na poesia.
Parabéns.
Bjssssss
Comentário de Maria Iraci Leal em 28 julho 2015 às 23:52
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Notável, um poema notável,
parabéns Paolo, bjs MIL.
Comentário de Janete Francisco Sales Yoshinaga em 28 julho 2015 às 22:24
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Um poema reflexivo...
Belo... e nos leva a pensar muito na vida.
Li e reli este primor!
Meus parabéns poeta!
Sublime!
Beijos