banhado pelo sereno da noite solidária,
açoitado por ventos invernais,
entre restos da floresta devastada,
estou só. Tudo em volta seca...
Eu, mudo exemplar de triste fera,
envolto pela quietude que me cerca,
servo e senhor da longa espera
de quem dentro de si encerra
a indiferença, essa megera.
Eu, juiz implacável dos meus delitos,
isolado num castelo como os aflitos,
traço planos, refaço enganos,
escrevo teses, ardo em febre
e incorporo mitos.
Eu, centro de um mundo imundo,
analiso este amor tão profundo
e me quedo incompreensível
àquilo que me é invisível,
agônico e rotundo.
Eu que me auto desconheço,
procuro lembrar, mas esqueço,
desta tal felicidade
à qual imagino que mereço.
Eu, que fui herói e virei banido,
sendo fiel, fui traído,
por ser gentil, esquecido...
Me sinto cansado, exaurido.
Sou alguém que não se parece comigo.
Julho/2015
- Comentário de Marcia Cristina B. N. Varricchio quarta-feira
- Excluir comentárioQue EU encantador!"Sou alguém que não se parece comigo"Existem períodos bem assim mesmo. Muito bom o expressar, uma espécie de exorcismo que garante o retorno de quem se é!Parabéns, escreve belissimamente! Metáforas sensacionais!Grande abraço.
- Comentário de Waulena d'Oliveira Silva em 5 agosto 2015 às 3:32
- Excluir comentárioPaolo, querido Amigo, teu espírito inquieto e cônscio nos brinda sempre com argutos versos.Aplaudo !!" ...Eu, que fui herói e virei banido,sendo fiel, fui traído,por ser gentil, esquecido...Me sinto cansado, exaurido.Sou alguém que não se parece comigo. "Bjs Wau
- Comentário de Arlete Brasil Deretti Fernandes em 30 julho 2015 às 0:39
- Excluir comentárioOLÁ, AMIGO POETA.!Muito belo poema!, ótimas metáforas.Parabéns!
- Comentário de Lais Maria Muller Moreira em 29 julho 2015 às 19:23
- Excluir comentárioTrilhas que se seguemprocuras que se realizamsombras densas que analisamo eterno conviverEuBela note!beijos querido
- Comentário de Antonio Cabral Filho em 29 julho 2015 às 14:00
- Excluir comentárioPaolo, você é demais !!
- Comentário de LOURDES RAMOS em 29 julho 2015 às 11:23
- Excluir comentárioApenas um desmemoriado momentâneo...Logo após, virá a Luz!
- Comentário de Mônica do S Nunes Pamplona em 29 julho 2015 às 2:03
- Excluir comentárioEita, poeta!Um EU clássico, de quem ainda se busca.Mas, parece que se encontra na poesia.Parabéns.Bjssssss
- Comentário de Maria Iraci Leal em 28 julho 2015 às 23:52
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- Comentário de Janete Francisco Sales Yoshinaga em 28 julho 2015 às 22:24
- Excluir comentárioUm poema reflexivo...Belo... e nos leva a pensar muito na vida.Li e reli este primor!Meus parabéns poeta!Sublime!Beijos
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