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domingo, 8 de janeiro de 2012

CANTO DA RAÇA


Karaoê... Karaoá...

Separe, asseie, amasse e coe;
Mexa, misture, apimente e doure;
Azeite, canele, prove e refogue;
Arrume, asse, enfeite e doe
pro seu Orixá.

Karaoê... Karaoá...

Consulte, peça, desafie e apregoe;
Cruze, despache, aguarde e colha;
Recupere, prove, sorria e abençoe;
Um ponto, um passe, um batuque que ecoe.




Karaoê... Karaoá...

Lamento, milonga, terreiro, gongá;
Galinha, pipoca, arroz e fubá;
Maçã, canjiquinha, abricó, mungunzá;
Morena mineira cozinha o obá;
Manjar dos santos; Yansã, Yemanjá.

Karaoê... Karaoá...

Canto, traçado, cruzeiro, alguidar;
Fitas, perfumes pro corpo fechar;
Mãe das Gerais, nos doe um olhar;
Luz que ilumine nosso caminhar;
Repiquem tambores, vibrem ganzás;
Por Ogum, Olorum, Oxum, Oxalá.




Karaoê... Karaoá...

Na história o açoite, porões e o mar.
- "Carrega, cavuca"! ...e tição a marcar.
No lombo a chibata - "Não pode parar" !
Suplício escravo, não dá pra olvidar.
Abolição, grande farsa, incapaz de mudar.
Fé no santo, muito canto, trabalhos e orar...

Karaoê... Karaoá...

A virtude da raça: - Saber esperar !
Músicas e ritos: formas de rezar;
Um soul, um funk, um jazz, um samba;
Um gol de Ronaldo, um Milton a cantar -
esperanças, indícios, de que vai modificar.
Onde quer se que esteja, reivindicar !








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