Licença Creative Commons
Este trabalho foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição 3.0 Não Adaptada.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

EU

Eu, solitário galho duma árvore centenária
banhado pelo sereno da noite solidária,
açoitado por ventos invernais,
entre restos da floresta devastada,
estou só. Tudo em volta seca...
Eu, mudo exemplar de triste fera,
envolto pela quietude que me cerca,
servo e senhor da longa espera
de quem dentro de si encerra
a indiferença, essa megera.
Eu, juiz implacável dos meus delitos,
isolado num castelo como os aflitos,
traço planos, refaço enganos,
escrevo teses, ardo em febre
e incorporo mitos.
Eu, centro de um mundo imundo,
analiso este amor tão profundo
e me quedo incompreensível
àquilo que me é invisível,
agônico e rotundo.
Eu que me auto desconheço,
procuro lembrar, mas esqueço,
desta tal felicidade
à qual imagino que mereço.
Eu, que fui herói e virei banido,
sendo fiel, fui traído,
por ser gentil, esquecido...
Me sinto cansado, exaurido.
Sou alguém que não se parece comigo.
                                    Julho/2015
Comentário de Marcia Cristina B. N. Varricchio quarta-feira
Excluir comentário
Que EU encantador!
"Sou alguém que não se parece comigo"
Existem períodos bem assim mesmo. Muito bom o expressar, uma espécie de exorcismo que garante o retorno de quem se é!
Parabéns, escreve belissimamente! Metáforas sensacionais!
Grande abraço.
Comentário de Waulena d'Oliveira Silva em 5 agosto 2015 às 3:32
Excluir comentário
Paolo, querido Amigo, teu espírito inquieto e cônscio nos brinda sempre com argutos versos.
Aplaudo !!
" ... 
Eu, que fui herói e virei banido,
sendo fiel, fui traído,
por ser gentil, esquecido...
Me sinto cansado, exaurido.
Sou alguém que não se parece comigo.  "
Bjs Wau
Comentário de Arlete Brasil Deretti Fernandes em 30 julho 2015 às 0:39
Excluir comentário
OLÁ, AMIGO POETA.!
 Muito belo poema!, ótimas metáforas.
Parabéns!
Comentário de Lais Maria Muller Moreira em 29 julho 2015 às 19:23
Excluir comentário
Trilhas que se seguem
procuras que se realizam
sombras densas que analisam
o eterno conviver
Eu
Bela note!
beijos querido
Comentário de Antonio Cabral Filho em 29 julho 2015 às 14:00
Excluir comentário
Paolo, você é demais !!
Comentário de LOURDES RAMOS em 29 julho 2015 às 11:23
Excluir comentário
Apenas um desmemoriado momentâneo...Logo após, virá a Luz!
Comentário de Mônica do S Nunes Pamplona em 29 julho 2015 às 2:03
Excluir comentário
Eita, poeta!
Um EU clássico, de quem ainda se busca.
Mas, parece que se encontra na poesia.
Parabéns.
Bjssssss
Comentário de Maria Iraci Leal em 28 julho 2015 às 23:52
Excluir comentário
Notável, um poema notável,
parabéns Paolo, bjs MIL.
Comentário de Janete Francisco Sales Yoshinaga em 28 julho 2015 às 22:24
Excluir comentário
Um poema reflexivo...
Belo... e nos leva a pensar muito na vida.
Li e reli este primor!
Meus parabéns poeta!
Sublime!
Beijos

CONTRADIÇÕES

Quando falo sério, você escuta torto;
Quando eu digo vai, eis você de novo;
Quando digo um não, eu sou seu estorvo...
Quando eu digo vem, você sai na hora;
Quando a quero junto, você vai embora;
Quando eu digo sim, seu não logo aflora...
Você se pinta linda e me lambuza todo;
Me provoca rindo como se eu fosse tolo;
Me lambe o peito assim como um bolo...
Me enlaça às pernas e eu me eriço todo;
Me arranha as costas, quase fico louco;
Aí, apago tudo o que disse a pouco... 
                    Julho/2015
Exibições: 38

Comentários:


Comentário de Marcia Cristina B. N. Varricchio quarta-feira
Excluir comentário
Sábia decisão, Poeta! Sábia...
Como sempre, um delicioso jogo de palavras, envolvente até o fim.
Muito bom ler esta intimidade da alma, algo tão confessional.
Apague! Parabéns.
Comentário de Mônica do S Nunes Pamplona em 29 julho 2015 às 2:55
Excluir comentário
Tua criatividade aflora em teus dignos versos.
Magnificamente poético.
Parabéns, querido Paolo.
Bjsss
Comentário de Waulena d'Oliveira Silva em 28 julho 2015 às 4:11
Excluir comentário
Ahh... esse teu humor, tão próprio ...
Sempre bom te encontrar em teus versos !
Bjss  Wau
Comentário de Janete Francisco Sales Yoshinaga em 27 julho 2015 às 22:42
Excluir comentário
Um poema primoroso...
Que brinca com as palavras de um jeito perfeito,
assim a nossa atenção fica o tempo todo esperando o desfecho...
E que desfecho, terminou com chave de ouro...li e reli!
Meus parabéns querido poeta amigo Paolo!
beijos
Comentário de Maria Iraci Leal em 27 julho 2015 às 21:36
Excluir comentário
Um poema maravilhoso,
parabéns poeta, bjs MIl.