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sábado, 12 de janeiro de 2013

LEVADA DA BRECA

Coisa linda,
você me alucina,
me queda, arruína,
num simples olhar.
Coisa bela,
me faz matusquela,
tonteia e me lesa
com seu caminhar...
Coisa pura,
quero ser seu poeta,
escultor ou esteta
é só me chamar...
Coisa rara,
quero tê-la inteira,
gostosa, fagueira,
no meu despertar...
Coisa à toa,
sapeca, matreira,
lecada da breca,
deixe-me lhe amar...
Coisa fôfa,
assanhada, faceira,
sarada, inteira,
tesão só de olhar...
Coisa boa,
molhada, malhada,
gostosa, suada,
quero lhe abraçar.
Coisa louca !
...hei de tê-la só minha,
na cama, nuínha,
até me afogar!
(Essa é a letra de uma "bossinha" bem leve que compús e o Luizinho, meu parceirinho legal, musicou e ficou bem balançado)

O POEMA

 
Frases inesperadas,
autônomas, vomitadas,
descortinam lições
atabalhoadamente criadas
por descabidas inspirações
inusitadas.
- É talento?
- Lamento, acho que não.
São espamos
urdidos pela emoção
de um momento digamos,
mágico,
concatenado, antenado
com a falta imediata de razão;
daí o ar inédito,
dialético,
em alguns casos patéticos,
sobre temas em eterna repetição:
amor, saudade, paixão.
Do mais simples ao erudito,
o poema é sempre aflito
e traduz a sensação
do vazio, da dor, do conflito,
tristezas e estado de espírito
dum angustiado coração...
O autor é apenas veículo
- meio homem, meio mito -
que lhe empresta a mão.
"De poeta e de louco, todos nós temos um pouco".

O ASSALTO

Resoluto,"de bicho",
acossado, fascinado pelo ilícito,
o menino pega em armas -
uma espécie de karma -
desce o morro carente
misturando-se`com aquela gente,
para fazer "um ganho"
no meio da multidão, qual rebanho,
cuja vítima à escolher,
defini-se pelo jeito de ser...
ao bel prazer.
Com palavras decoradas,
ações previamente ensaiadas,
ele faz a abordagem
cheio de atitudes e demonstrando coragem
como se fora um príncipe -
do delinquente a antítese -
com voz empostada
e pistola apontada
na pobre vítima indefesa,
assustada, surpresa,
que lhe entrega o "tesouro" -
bolsa e carteira de couro -
resando um "Pai Nosso",
quase tendo um troço,
por ter sido contemplada
na "estatística das assaltadas".
De volta ao morro com saldo,
eufórico e auto-afirmado,
o menino faz relatos
das ações e atos
apresentando seus "ganhos"
aos patrões de olhares estranhos
que os contam regalados -
"Foram mais do que o esperado"! -
e lhe entregam uma migalha,
como paga ou coisa que valha,
pela ação bem sucedida,
meio louca, suicida,
que recém tinha acabado
e, pelo que foram informados,
roubando a filha do Delegado.
E neste rito egoísta
de assaltantes e pungistas,
falha igual por má sorte
é punida com a morte
sem direito de defesa.
E na vala executado,
o menino de corpo fechado
morreu igual a cabrito
dando pulos esquisitos
e cortando o morro, os gritos.
Deu-se pois a justiça cega
que cobra, paga e pega,
inocentes transgressores
deste circo de horrores
marginal
cuja escala é mundial.
- "Moscou ? ... dançou !"

BEIJOS


 
Beijos podem ser lentos,
suaves, prolongados;
outras vezes curtos,
discretos, acanhados...
Há beijos mordidos,
intensos, machucados;
beijos sem jeito,
lambidos, babados.
Existem beijos ternos,
tímidos, aguados;
beijos inocentes,
infantís, copiados;
beijos de despedidas,
furtivos, choramingados;
outros arrebatadores,
fortemente chupados;
os há também escondidos,
roubados...
Têm beijos borboleta !
...alados !
E os tamanduá:
abraçados !
Beijo sem graça,
amador;
de reconcialiação,
pegado.
Houveram beijos simbólicos,
delatores;
de contratos e distratos,
com ou sem rancores.
Beijos ao vento,
ao tempo,
sinceros e ciumentos;
beijos de mármore,
frios, desatentos.
Insuperável manifestação de afeto,
beijos são momentos
de ação e encantamento.

MEDIDA



Dia... 24 horas de tempo parcelado,
estabelecido, inventado
à revelia.
Dia...período vivencial,
jamais igual, tampouco
um guia.
Dia... espaço vital
arquivado no passado,
no futuro imaginado -
berço de magias e manias.
Dia...palco de trágédias,
comédias, realizações e
emoções tardias.
Dia.. fôlhas da vida
que terminará um dia

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

ÊXTASE

 
Vem...
se exiba, peça, ordene;
abra os braços, crie embaraços,
bata o pé, teime;
dê opiniões,
tome decisões,
clame, acene;
desconstrua certezas,
crie dúvidas, queime;
pire o cabeção
e reine...
O amor me pegou,
me entrego, me dou,
creme de la creme !

MEU QUERER



Não desejo ser arauto,
                                   descarto !
...sou apenas um chorão
                                   barato
que a realidade absurda,
                                   relato.
Preferencío sonhos e contos
                                  alados;
crio situações, emoções,
                                  simulacros;
articulo ações, contestações,
                                   fatos;
firmo concessões, doações,
                                   contratos;
dispenso prestações, obrigações,
                                   extratos;
minha vida, meu destino,
                                   traço.